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Poeira dos pés…

Poeira dos pés…

Maio | 2021 Mateus 10, 8-10.12-15, diz: “De graça recebestes, de graça dai. Não leveis nem ouro, nem prata, nem

Foto da Catedral
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Imagem: Piero Casentini

Maio | 2021

Mateus 10, 8-10.12-15, diz: “De graça recebestes, de graça dai. Não leveis nem ouro, nem prata, nem dinheiro…, nem mochila…, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão; pois o operário merece o seu sustento… Entrando numa casa, saudai-a. E se for digna, desça a vossa paz sobre ela. Se não for digna, volte a vós a vossa paz. Mas, se alguém não vos recebe…, saí… e sacudi o pó dos vossos pés. Em verdade vos digo que o Dia do Juízo será mais tolerável para Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade”.

Essa passagem é continuação do envio dos doze, logo depois de escolhidos por Jesus. Trata-se de um dos trechos do evangelho que iluminaram, especialmente, São Francisco de Assis. E é com ele que São Francisco começa a sua Regra e Vida que, no mais, não passa de uma colcha de retalhos da Bíblia.

“Não leveis ouro, nem prata, nem dinheiro”. São Francisco pensava que quem tem ouro, prata e dinheiro compra todo mundo e se dá bem em qualquer lugar. Na gíria, costuma-se dizer: “dinheiro não traz felicidade, manda vir”. Ou então: “dinheiro não traz felicidade, mas ajuda a sofrer em Paris”. Tudo para arrancar da gente um riso maroto, visto que todos usamos e sentimos o apelo do dinheiro. Uma versão invertida disso diz: “todo mundo tem seu preço”. Quer dizer que há um preço a que todos se rendem. São Francisco viu claro que aquilo para o que Jesus envia, não se compra e não se vende. “De graça recebestes, de graça dai”. A adesão há de ser por pura e livre afeição. E a firmeza do pregador há de vir da certeza de que, como ele foi atingido e recebeu de graça, o outro também pode ser atingido e receber. Quanto mais ficar claro que é tudo por Deus, com Deus e em Deus, mais chance de ter efeito a pregação.

Depois vem: “nem mochila”. Bolsa, mala são para acumular, guardar para depois. Que “o operário merece o seu sustento”, deve ser um absoluto para o missionário. E cada vez. Trabalhou, mereceu. Chamo aqui como argumento o Sl 109,7, “beberás água corrente no caminho, por isso andarás de cabeça erguida”. E também o Papa Francisco, na sua homilia do Domingo de Ramos último: “Peçamos a graça do assombro… Se a fé perde o assombro, torna-se surda: já não sente a maravilha da graça… não lhe resta outra saída senão refugiar-se nos legalismos, clericalismos e tudo o mais que Jesus condena no capítulo 23 de Mateus”.

E a passagem bíblica prossegue: “não leveis… nem calçados”. No episódio da sarça ardente, Moisés ouve: “Não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa” (Êxodo 3, 5). Habitualmente, nos nossos cultivos do Mistério, estamos calçados de psicologismos e sociologismos que dificultam o contato imediato.

Com o bastão eu posso atacar e defender. Não o leve. Exponha-se a tudo o que der e vier. Não se garanta. Mude. Adapte-se tanto quanto necessário.

E segue: “saudai-a: Paz a esta casa. Se aquela casa for digna, descerá sobre ela vossa paz; se, porém, não o for… retornará a vós”. Missão dá sempre resultado. Se não entrega paz aos outros, aumenta a do missionário. Isso, por ter seguido Jesus, que manda missionar.

E ainda: “Se não vos receberem… sacudi até mesmo a poeira dos vossos pés’’. Quando alguém rejeita o anúncio… alguma poeirinha daquela rejeição gruda em nós. Vem, lá no fundo do coração, uma interrogaçãozinha: Será que Jesus é mesmo a luz do mundo? O salvador de todos? Ninguém é de ferro nem confirmado em graça. Por isso, cuide logo de varrer isso do coração e da mente.

Por fim: “Em verdade vos digo que o Dia do Juízo será mais tolerável para Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade”. Deus nunca se move por vingança ou raiva. Ele não consegue ser, a não ser que se doe. Significa: se mexeu, já está cuidando de nós. E por outro motivo, não se mexe. Mas aqueles que não recebem quem O recebeu de graça, e de graça O dá, estão muito insensíveis. Enrijecidos. O que é oferecido é a vida de Deus mesmo: o amor. E amor tem a ver com liberdade. Ninguém força ninguém a amar. O intolerável para Sodoma e Gomorra será a dor de ter perdido a chance de um grande amor. Resumo: vá exposto e disposto a experimentar outra possibilidade sua. Amável e fascinante.Tudo isso e só isso!

Paz e Bem!!

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