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Pingos de Bíblia n. 47 – Novembro

Pingos de Bíblia n. 47 – Novembro

“julgamentos são corretos” (Sl 118) “pensamentos tímidos” (Sb 9,14) Quero comentar a proximidade de duas expressões na liturgia do 23º Domingo: “julgamentos corretos”, no Salmo 118, e, “pensamentos tímidos”, em Sb 9,14. A antífona diz: “Vós sois justo ó Senhor e Vossos julgamentos são corretos”. Talvez, entendemos logo assim: Eu

“julgamentos são corretos” (Sl 118) “pensamentos tímidos” (Sb 9,14)

Quero comentar a proximidade de duas expressões na liturgia do 23º Domingo: “julgamentos corretos”, no Salmo 118, e, “pensamentos tímidos”, em Sb 9,14. A antífona diz: “Vós sois justo ó Senhor e Vossos julgamentos são corretos”. Talvez, entendemos logo assim: Eu sei de mim e Deus também sabe. Mas, não é isso. Nós não sabemos de nós.

Depois, a primeira leitura vai dizer: “mal podemos conhecer o que está ao alcance das nossas mãos…” Como podemos saber o que há no céu… nos desígnios do Senhor…!?. Pois é, quem sabe como o bebezinho é tecido dentro da mãe? Podemos compor um grão de feijão quimicamente perfeito. Ele nos alimenta igual ao da natureza. Mas, plantado, não germina…!?

Realmente, mal sabemos o que está ao alcance das nossas mãos! O corpo, a tenda de argila pesa…os pensamentos são tímidos. Bem dizia a saga do ovo da águia que caiu no ninho da galinha. A aguiazinha não sabe que é águia, mas se sente estranha no meio dos pintinhos também.

Ora, corretos mesmo só os pensamentos do Senhor. Devíamos duvidar sempre dos nossos pensamentos e das nossas sensações. A boca cheia de chocolate interpreta mal o sal. Parece salgado demais…! Por isso, a Coleta do dia “…os que redimiste e adotastes como filhos e filhas”. O pecado quebrou nossa perna. Ele não só a restaurou, deu-nos também asas para voar, para irmos além dos pensamentos tímidos.

Para saber o que é vontade de Deus, São Paulo, na segunda leitura (Fm 9) diz a Filêmon: receba Onésimo como irmão. Isso que é voar, ir além dos pensamentos tímidos. Isso que é acreditar que os verdadeiros julgamentos, os que dizem o que realmente somos, são os do Senhor.

O peso do corpo, da argila retém a alma e a mente. Não conseguimos nos ver como filhos e filhas adotivos de Deus. Não conseguimos abraçar e acolher todos e todas como irmãos e irmãs, como Filemon acolheu Onésimo, que era seu escravo.

Isso ressoou tão forte na Igreja Primitiva que arrancou dos vizinhos a exclamação: “vede como eles se amam!”. A Igreja deveria ser lugar de mais abraços. O professor da nossa Semana Teológica perguntou às catequistas o que elas lembravam de seu tempo de catequese. Uma disse: “Lembro do dia que cheguei chorando ao encontro e a catequista perguntou ‘por quê?’…Respondi que eu saia de casa para vir à catequese e minha mãe, que passara mal à noite, saia de ambulância, para o hospital. Então a catequista mandou todos e todas me abraçarem juntos”. “Assim foi feito. Quase me sufocaram. Mas nunca mais esqueci aquilo”.

Será que, naquele instante, não lampejou para ela a justeza dos julgamentos do Senhor. Será que lampejou para ela o que São Paulo propõe a Filêmon: tratar o escravo como irmão?

O salmo do dia, o 89, diz: “Vós fazeis voltar ao pó todo mortal quando dizeis ‘voltai ao pó, filhos de Adão’”. “Voltar ao pó..” não é à poeira do chão. Pó, aqui, significa: de onde nós principiamos. Nós fomos feitos do pó da terra.

Deus tomou o pó da terra, foi manuseando e nos fez, diz Gn 1. Voltar ao pó é recolhermo-nos na boa vontade que de onde podemos partir para cuidar de todas e todos como irmãos e irmãs. Em certa paróquia de Umuarama, celebrando o crisma, iniciei a homilia saudando o vereador do bairro que se fazia presente, dizendo-lhe que sua presença nos honrava porque ele era uma autoridade. No fim da Santa Missa, foi lhe dada a palavra e ele tascou: “o Bispo disse que sou autoridade aqui. Mas, autoridade é Ele que nos ensina amar os irmãos. Se não fosse o amor que Ele nos ensina, não havia comunidade, nem cidade, nem prefeitura e nem vereador’.

No Evangelho do dia, a mesma coisa é dita à cruz. Cruz é pó. Cruz é a condição humana em que não resta mais nada a não ser a boa vontade. Nada de fora nos puxa nem nada de dentro nos impulsiona. Ou eu aciono a boa vontade ou não saio do lugar. Isso é cruz. A hora que a gente tem que se carregar. E se carregou, ressuscita. Esbarra em Deus. Ele está na cruz. Na boa vontade. O tempo todo. De graça, sem que paguemos ou reconheçamos, faz para nós o sol, a chuva, a lua e as estrelas.

O finzinho do Evangelho de hoje fala em deixar tudo para ser discípulo e calcular bem ao construir a torre. Ambas as propostas se referem à boa vontade. Ao virar pó.

Esperteza para construir a torre é ver se a gente está disposto a, de repente, contar só com a boa vontade e, como Maria de Nazaré, dizer “Eis-me aqui senhor…

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